MACAMBÚZIO
Tema da semana: Eça de Queirós.
Luísa, protagonista de O primo Basílio, mantinha encontros amorosos com seu primo no “Paraíso”, apelido que deram ao quartinho alugado para abrigar as traições. No início, esses encontros eram calorosos, repletos de arrebatamento e Basílio era cuidadoso e bajulador com a prima. Quando os encontros passaram a ser mais frequentes, no entanto, Luísa notou que o primo começou a banalizar a sua presença e a tratá-la de maneira mais seca e menos respeitosa, especialmente depois da “hora ardente e física”: “Trocado o último beijo, acendia o charuto, como num restaurante ao fim do jantar! E ia logo a um espelho pequeno que havia sobre o lavatório dar uma penteadela no cabelo com um pentezinho de algibeira. (O que ela odiava o pentezinho!) Às vezes até olhava o relógio!... E enquanto ela se arranjava não vinha, como nos primeiros tempos, ajudá-la, pôr-lhe o colarinho, picar-se nos seus alfinetes, rir em volta dela, despedir-se com beijos apressados da nudez dos seus ombros antes que o vestido se apertasse. Ia rufar nos vidros — ou sentado, com um ar macambúzio, bamboleava a perna! E depois positivamente não a respeitava, não a considerava... Tratava-a por cima do ombro, como uma burguesinha, pouco educada e estreita, que apenas conhece o seu bairro.” Macambúzio é sinônimo de taciturno, melancólico, envolto em seu próprio mundo. Basílio, portanto, preferia ficar calado a conversar, rir e dar atenção à Luísa.
Disponível em: http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=palavradodia
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