A flor
Talvez marcando o poema, em livro antigo,
encontrei uma flor já ressequida.
Velha história de amor... penso comigo,
pondo-me a ler a página esquecida.
Quem à flor nesse livro deu abrigo,
quem sabe? procurou tê-la escondida -
do amor sentindo o grande abraço amigo,
para a própria saudade comovida.
E o que ficou daquele amor profundo?
Talvez agora, já não resta nada
de tudo que era sonho e que era vida.
Sob o silêncio lúgubre do mundo,
apenas essa flor abandonada -
marcando a velha página esquecida.
Disponível em: Sonetos. Afonso Louzada, Rio de Janeiro, 1956.